O governo federal anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve intensificar, nesta semana, as ligações a líderes internacionais em busca de apoio contra a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. A medida, em vigor desde 6 de agosto, foi determinada pelo presidente norte-americano Donald Trump e atinge especialmente setores do agronegócio e da indústria.
Estratégia internacional
Segundo interlocutores do Planalto, Lula pretende conversar com chefes de Estado e de governo da África do Sul (Cyril Ramaphosa), França (Emmanuel Macron), Alemanha (Friedrich Merz), México (Claudia Sheinbaum) e Reino Unido (Keir Starmer), além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A primeira ligação deve ser feita a Ramaphosa, fortalecendo o eixo do Brics, bloco do qual Brasil e África do Sul são membros fundadores.
O presidente já havia dialogado, nos últimos dias, com Narendra Modi (Índia), Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), consolidando uma frente diplomática com os demais integrantes do Brics.
Medidas internas
Para amenizar os efeitos imediatos da sobretaxa, o governo anunciou um pacote emergencial de R$ 30 bilhões em crédito destinado a empresas exportadoras afetadas. O objetivo é garantir liquidez e manter empregos até que novas alternativas comerciais sejam abertas.
Disputa na OMC
No dia 11 de agosto, o Brasil solicitou consultas à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas aplicadas pelos EUA. Essa etapa abre oficialmente uma disputa comercial e obriga as partes a tentarem uma solução negociada em até 60 dias. Se não houver acordo, o Brasil poderá pedir a instalação de um painel arbitral.
Especialistas em comércio internacional avaliam que o caso tem repercussão global, já que medidas semelhantes foram adotadas contra a Índia, outro integrante do Brics. Para analistas, a ofensiva de Trump não mira apenas a economia, mas também busca enfraquecer politicamente governos considerados críticos aos EUA.
Contexto político
No Brasil, o governo interpreta a decisão de Trump como parte de uma estratégia política que também se conecta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF. A avaliação é que o endurecimento comercial teria como pano de fundo uma tentativa de pressionar o país em meio a um cenário de instabilidade política.
Repercussão e próximos passos
As ligações de Lula devem buscar não apenas apoio bilateral, mas também a construção de um discurso conjunto em defesa do multilateralismo e da reforma da OMC. A expectativa é de que o tema entre em debate no próximo encontro do Brics, previsto para ocorrer ainda este semestre, sob presidência do Brasil.
🔚 Fontes:
- G1
- GloboNews
- Valor Econômico
- CNN Brasil
- Estadão
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